Transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas, que causam imenso sofrimento e prejuízos físicos e psicológicos. Ouvir esse termo “doenças psiquiátricas” já é algo que vem acarretado de estigmas, e geralmente é rotulado como uma doença “autoimposta”, só uma questão de “força de vontade”, “para de frescura”, “se você quiser você melhora”. Sabemos que não é algo simples assim, pois quando se trata de uma doença a melhora é algo delicado e requer cuidado específico.
É uma doença multifatorial, não há um único fator responsável, é um conjunto, como fatores genéticos, biológicos, psicológicos, sócioculturais e familiares.
Se define por padrões de comportamento inadequados, uma relação onde o indivíduo perde a capacidade de escolha, podendo colocar a saúde dele em risco.
Há pessoas que não tem uma boa relação com a comida e corpo, mas não chegam a fechar critérios para um transtorno alimentar, mas sim um comer transtornado. Atualmente, na nossa sociedade, o “comer transtornado” se tornou comum, pois cada vez mais é reforçado limitar alimentos em nutrientes, calorias e atividades físicas como forma que compensar o que foi ingerido, como se fosse uma máquina de entrada de nutrientes e queima calórica. É importante ficar atento a esses comportamentos, pois eles geram grande desconforto, podendo piorar e migrar para um TA, já que um dos fatores desencadeados é a prática de dietas restritivas.
No caso de um TA, o sofrimento é intenso como se a vida do indivíduo se baseasse em pensar em alimentos, nutrientes, calorias, corpo, como “queimar/emagrecer”, imensa frustração e sentimento de culpa. É uma sensação de falta de controle sobre os comportamentos, até nos casos de anorexia, onde os pacientes acreditam estar no controle, na verdade quem está no controle é a doença.
Segundo a classificação do DSM-V, são definidos como transtornos alimentares: PICA; Ruminação; Transtorno Alimentar não Especificado; Anorexia Nervosa; Bulimia Nervosa e Compulsão Alimentar. Os três primeiros citados não há uma preocupação em relação à forma física do corpo. Já os transtornos alimentares, que há um preocupação com o corpo, em alguns casos os indivíduos apresentam distorção de imagem corporal.
Vale ressaltar que a obesidade não se trata de um transtorno alimentar, mas sim uma condição clinica, sendo implicada por um conjunto de fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientais que variam entre os indivíduos.
Se o ato de comer, está te causando ansiedade ou algum sofrimento e prejuízo, procure ajuda! Não é saudável ter descontrole com alimentação, medo de comer, contar as calorias que você ingere e gasta. Lembre-se você é ser humano, único e especial! Não se limite em forma física e calorias.
Carolina L. Macanhão
Psicóloga Clínica
