O carboidrato é a nossa principal fonte de energia e precisa ser consumido em boas quantidades para garantir que o nosso corpo execute suas funções adequadamente. Ele é uma fonte rápida de glicose e funciona como a nossa gasolina.
Quando falamos em dietas pobres em carboidratos, estamos falando de dietas também consideradas restritivas. Estamos privando nosso corpo da sua principal fonte de energia. E esse tipo de restrição pode alterar sua relação com a comida, principalmente com os carboidratos.
O que acontece quando restringimos esse nutriente da nossa alimentação?
O humor é prejudicado
Já percebeu que quando tentamos ficar sem comer carboidratos, ficamos mais irritados? A glicose é a principal fonte de energia do nosso cérebro e uma dieta com pouco carboidrato diminui a síntese de serotonina no cérebro.
A serotonina é um neurotransmissor que desempenha um importante papel no sistema nervoso, como a liberação de alguns hormônios, regulação do sono, temperatura corporal, apetite, humor, atividade motora e funções cognitivas. Os níveis adequados de serotonina no cérebro dependem da ingestão alimentar de triptofano (aminoácido precursor da serotonina) e de carboidratos.
O sono também é prejudicado
A serotonina é o neurotransmissor precursor da melatonina, o hormônio que regula o nosso sono. Com pouca produção de serotonina, também há diminuição na produção de melatonina. Desta forma, não há um aprofundamento do sono e a qualidade do sono é afetada, podendo alterar diversas outras funções do nosso corpo.
Aumento de apetite e vontade de doce
A restrição alimentar é entendida pelo corpo como um fator estressor, o que aumenta a liberação do hormônio cortisol (famoso hormônio do estresse), o que estimula a secreção de substâncias no cérebro, que aumentam o apetite por alimentos altamente palatáveis (ricos em carboidratos e gorduras). Além dos baixos níveis de serotonina relacionadas ao aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos. Esta alteração pode gerar exageros, obsessão por carboidratos e até compulsão alimentar.
Diminuição do metabolismo
Restrição de carboidratos pode levar a uma perda de peso no curto prazo? Sim. Porém, não de forma saudável e tão pouco duradoura. Quando se perde peso rapidamente, acaba-se perdendo água e músculo juntamente com a gordura, o que faz com que seu corpo gaste menos energia, alterando o metabolismo energético e a composição corporal, que pode levar a um maior ganho de peso posteriormente (o famoso “efeito sanfona”). Estudos mostram que 90 a 95% das pessoas que perdem peso fazendo dietas restritivas recuperam o peso ou mais no período de 1 a 5 anos.
Sabemos que tudo em excesso faz mal, certo? Um estudo recente observou que tanto o baixo consumo de carboidratos quanto o seu consumo em excesso estão associados com maior risco de mortalidade. Ou seja, busquemos uma alimentação equilibrada, onde com moderação, todos os alimentos podem fazer parte da sua vida.
Se você vê o carboidrato como engordativo, como proibido e sente culpa em comer alimentos fonte desse nutriente, saiba que é possível mudar essa relação. Procure um profissional que possa te ajudar nesse processo.
Laryne Ferreira Esteves
Nutricionista – CRN 8/7707
Referências:
C. Prasad. Food, mood and health: a neurobiologic outlook. Braz J Med Biol Res, 1998
Seidelmann SB, et al. Dietary carbohydrate intake and mortality: a prospective cohort study and meta-analysis. Lancet Public Health 2018
