É fato que a obesidade é um sério problema de saúde pública, que atinge milhões de pessoas, e sua relação com complicações clínicas, como as doenças cardiovasculares e outras, é evidente.
No entanto, mesmo com toda a discussão acerca do tema, as estratégias existentes para o tratamento da obesidade, até o momento, não demonstram bons resultados. O número de indivíduos obesos permanece aumentando e grande parte daqueles que se submetem aos tratamentos propostos, recuperam o peso ao longo do tempo. Mas por que isso ocorre?
Obesidade e dietas
Grande parte dos tratamentos propostos para obesidade são pautados exclusivamente na perda de peso, de forma que não contemplam a mudança de comportamento, que é fator crucial. A prática de dietas, por exemplo, que é indicada e difundida por profissionais de saúde, além de serem ineficazes, podem contribuir com o ganho de peso ao longo do tempo, de acordo com estudos científicos. Um grande estudo realizado ao longo de 10 anos, chamado Project EAT, evidenciou que os pacientes que realizaram dieta, AUMENTARAM CERCA DE DUAS VEZES MAIS seu índice de massa corpórea (IMC), comparados aos pacientes que não realizaram dieta. Algumas das explicações do porquê isso ocorre são:
1- Os comportamentos adotados durante a prática da dieta não se sustentam por longos períodos;
2- Fazer dieta gera fome, que leva a exageros e compulsão alimentar, que leva a restrição novamente, e assim perpetua-se o ciclo;
3- A prática de dieta promove alterações cognitivas que aumentam o risco de impulsividade e desenvolvimento de compulsão alimentar,
4- Fazer dieta pode alterar o metabolismo, de forma que para se adaptar, o corpo passa a queimar menos energia para manter a homeostase do organismo.
Portanto, para uma perda de peso sustentável, a mudança de comportamentos é imprescindível. Aprender a ouvir e respeitar os sinais internos de fome e saciedade, assim como melhorar a atitude alimentar, mudando hábitos e escolhas, é o que a ciência comprovou, até o momento, ser o mais efetivo.
Dra. Bruna Boaretto
Psiquiatra e idealizadora da CETA